Diagnóstico Suspensão

Como ser mais assertivo no diagnóstico de suspensão!

Matéria

01 Agosto de 2023

A suspensão é o conjunto de peças na qual a sua principal e mais conhecida é o amortecedor, que em muitos casos, na visão do consumidor final, refere-se a suspensão usando o nome amortecedor! Qual o mecânico nunca ouviu essa frase: Quero trocar os amortecedores do meu carro! Por favor, se você é um consumidor final, nunca use essa frase, pois ao fazer essa afirmação, você aumenta e muito, as chances de algo dar errado, uma vez que se o mecânico for inexperiente, ele simplesmente vai fazer o que você mandou, pois a venda praticamente já está fechada, ele não vai nem querer "perder tempo" fazendo o diagnóstico, pois, possivelmente, a única preocupação dele será buscar um preço competitivo e executar a substituição. Após isso, o mecânico rezar para não persistir nenhum ruído ou rangido, mas possivelmente o defeito pode persistir. E você já imagina qual será a resposta do mecânico, né? Foi você que mandou trocar! Dessa forma, só depois do ocorrido, é que ele irá de fato fazer um diagnóstico. Eu, particularmente, já vi isso acontecer diversas vezes. E quando você encontrar um mecânico "esperto" imagina o que ele vai fazer? Já que o dono do veículo mandou, ele irá substituir o amortecedor, mas agora ele estará atento também a encontrar alguma folga nos componentes da suspensão, a fim de sugerir a substituição dos componentes desgastados. Nesse caso, ele vai ter um índice de acerto maior, porém, mesmo assim, ele se aproveitou da situação, pois o cliente já tinha condenado os próprios amortecedores! E o terceiro cenário é quando você encontra um mecânico experiente e treinado para fazer o que tem que ser feito, ele vai perguntar a você “tem certeza de que são os amortecedores? Por qual motivo você está querendo trocar o amortecedor? Não seria interessante a gente dar uma volta com o carro a fim de fazer uma simulação de pista e entender o que está acontecendo?”. Assim, ao dar uma volta com o carro, o mecânico, juntamente com o cliente, irão fazer um teste de rodagem, com o dono do veículo guiando, e entender qual a necessidade de uso do cliente, além de fazer perguntas sobre os últimos serviços efetuados, e, se for o caso, pedir para o cliente trocar de posição, para que o próprio mecânico possa dirigir até a oficina e, assim, sentir o carro num grau de sensibilidade ainda maior, e claro, nesse momento observar o Km rodado e o ano de fabricação do veículo, entendendo qual o ruído de fato o cliente se queixa e observar se, além disso, existe algo a mais que o cliente nem percebeu.

Ao chegar na oficina, agora sim é o momento de posicionar o veículo no elevador e realizar um movimento de balanço no carro, ainda no chão, a fim de fazer uma simulação para dessa forma examinar algumas peças que demostrem folgas com o carro ainda no solo, pois ao suspender, por conta do peso das rodas, manga de eixo, entre outras peças, podem dificultar a identificação. Já com o carro suspenso, realiza-se a inspeção em todos os componentes da suspensão, os quais não são poucos, pois temos os conjuntos dos amortecedores, molas, coxim do amortecedor, batente e coifa do batente e os apoios das molas, onde vamos fazer uma análise visual e fazer uma correlação com os indicadores (no artigo exclusivo - Qual o momento certo para trocar os amortecedores? - explico melhor essa correlação) daí vamos passar uma espátula nos pivores da bandeja e as buchas dela, e temos também as bieletas e borrachas do estabilizador e, não podemos deixar de lado, o mecanismo da direção, que é composto do terminal de direção, barra axial, o próprio caixa de direção seguido a junção da coluna de direção (balaca) e coluna da direção (no artigo de mecanismo de direção vamos aprofundar em suas variações esse sistema).

O sistema de direção tem uma ligação direta com o sistema de suspensão, podendo provocar ruídos e até mesmo, dependendo dos componentes, influenciar diretamente no alinhamento. Nas análises, geralmente se faz um jogo de roda, a fim de simular algumas folgas e também passar espátulas nos embuchamentos e articuladores, também se inspeciona as coifas e analisa se existe algum indício de vazamentos. E após tudo isso, ainda deve-se analisar se algo, além da suspensão, pode estar provocando algum ruído, como uma peça mal apertada, escapamento encostando na carroceria, rolamento de roda, pino flutuante do cavalete da pinça de freio, coxim do motor e câmbio, entre outros. Agora sim, seguimos para o diagnóstico e para a ordem de serviço, e mesmo estando nítido as peças avariadas, deve-se deixar em observação todas as outras peças do conjunto da suspensão, pois ao desmontar podemos fazer uma análise com as peças em mãos.

Um outro procedimento que pode ser usado também é após fazer todos esses procedimentos descritos acima, acordar com o cliente para desmontar a suspensão por completo para fazer uma analisa de bancada nos aqui da Fator Premium chamamos esse diagnostico de “pente fino”. Sem duvida esse é uma das melhores formas de elaborar o diagnostico.

Temos também a Ruidcar que é uma maquina que vai fazer a simulação do veículo com ele suspenso nos dando uma condição privilegiada para a elaboração do diagnostico onde podemos controlar a frequência dos movimentos afim de simular o ruido da melhor maneira mais mesmo com o Ruidcar as primeiras etapas do diagnostico citadas acima são imprescindível para um diagnostico assertivo.

Então, como descrevi aqui acima, o procedimento não é tão simples como se parece. Suspensão automotiva exige experiencia, técnica, processos e ferramentais adequados para um diagnóstico mais assertivo.